AXEL IVAR O ESMAGADOR DE CABEÇAS.




AXEL IVAR


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Um pouco de mim: Orgulhoso estudante do BI LI em Artes da UFSB,
uma Universidade que me surpreendeu. em um curso que, de fato, está me formando
pessoa crítica, ser humano sensível, aos humanos e à natureza.
Trabalhei muito tempo com contação de historia e fantoches,
parei por motivos de saúde, agora não sei, estou aberto. Faço arte porque preciso ser feito,
completado.
Amo escrever por que me gera prazer, e é uma arma poderosa.
A poesia é irmã das pinturas infantis e as das cavernas,
próximas dos sonhos, do inconsciente e dos "deuses",
meus parceiros.

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AXEL IVAR O ESMAGADOR DE CABEÇAS

POEMA ÉPICO 
HISTORIA DE UM VINKING 

História/Provocação: 
Somos um pais colonizado, mentes acovardadas acostumados à subjugação. Nossas imposições são contra os mais fracos, para estes, somos fortes, corajosos e justiceiros, contudo, para os poderosos, covardes e convenientes.  Essa esfera de injustiça, macro e micro é, para mim, nossa melhor definição: Somos um pais de covardes cruéis. Nunca vemos lixamentos de grandes ladrões ou traficantes, somente de roubadores de celulares e bicicletas. Se bate panelas para um governo popular, mas não para um claramente corrupto; Agredimos mulheres, gays, mendigos, pretos e pobres, nunca os brancos ricos, os "playboys". Almejamos grandes mudanças e revoluções, mas continuamos os infantis revoltados-opressores, "justiçando", física ou socialmente, os que se encontram abaixo de nós. 

Esta historia é de um vinking que emerge dentro de um homem comum e troca de lugar com este. 
Este novo homem impõe seu estilo de vida: Nudez, solidariedade, combate aos vícios do sistema, que segundo ele apequena gigantes. É estabelecida uma guerra, e muitos aderem ao estilo de vida do nosso herói, acontece a revolução e as histórias são mudadas. Esse personagem é o super-homem de Nietzsch, uma metáfora, um índice de como pode acontecer uma real revolução no Brasil: Reconhecimento de suas imperfeições de caráter e  empoderamento de outras ontologias. 

Inspiração: Nietzsch, poemas Vinkings, "Hemos guardado um silencio bastante parecido a la estupidez"Eduardo Galeano, Las venas abiertas da América Latina. minha própria perspectiva quanto à vida.

Outra colaboração foi  do sociólogo Nobert Elias, no texto "" O processo Civilizador", onde ele aborda a questão das transformações sociais de longo prazo, movimento em detrimento à ideia  de estado, ou  sociedades/culturas cristalizadas. Essa questão me levou a pensar um pouco mais sobre o papel da Arte, que é, ao meu ver, importante instrumento de mudança juntamente com a filosofia. Entretanto, não é qualquer arte que pode mudar conceitos e valores. Algumas se prestam à continuidade das formas de pensar e agir. Todavia, toda  arte é importante e cumpre inúmeras funções, contudo, grandes mudanças de paradigmas necessitam de grandes sensibilidades. Muitas vezes o artista se confunde ao artevista e busca incrementar o seu trabalho,com ideologias, conceitos ou filosofias e só; Pela sua capacidade de síntese,  o artista também é confundido com um profissional da docência, não que isso seja errado, mas a arte não só depende de grandes conhecimentos e clarezas, e não é, somente,sua função o ensino; Ela requer algo mais:  Uma caverna platônica secreta,  um lar de musas e gênios inspiradores escondidos em algum lugar em suas emoções.  Ele, o artista, deve ser preparado com conhecimentos, em interdisciplinaridade e profundidade,  mas nunca deve se esquecer de regar sua fértil terra interior, suas "montanhas" e "ilhas flutuantes", pois é de lá que saem as verdadeiras novidades, e são essas que produzem mudanças reais e permanentes . 
Segundo Richard SERRA, a arte deve provocar sensações e perguntas, concordo plenamente, essas sãos as estratégias dos artistas. . 

Não posso deixar também de falar da "A Corrosão do Caráter" de Richard  Sennet. Um texto maravilhoso onde percebemos como o tempo foi "apoderado" pelo capitalismo, que o utiliza como quer para nos escravizar cada vez mais; e como este deixou de estar ligado aos fenômenos naturais e, hoje é controlado pelo sistema financeiro mundial que determina a vida e o cotidiano de todos nós. A arte é subversiva também neste aspecto: Não  permite a logica da produção capitalista, sua ênfase está no processo e não no produto, o que muda o conceito de tempo/dinheiro. O tempo é determinado socialmente, portanto uma revolução, para ser efetiva, precisa repensar este assunto. Enquanto sob a cronologia hegemônica capitalista, seremos ainda colônia. Axel Ivar reconfigurou o tempo, portanto, se fez livre.            

Bem, eu ia concluir essa parte de comentários mas, relendo o poema achei, não tão
escondido assim, Gilles Deleuze e o seu texto "Diferença e Repetição, onde é
abordado a questão da importância do não-igual; Isso é fato. preferimos sempre o
semelhante o familiar, estes nos deixa tranquilos, fazemos isso por pura preguiça
e conveniência. Contudo, o diferente é o que nos leva a enxergar mais.
Se, ao fazer arte, o artista se propõe a provocar percepções outras, é
imprescindível trazer o diferente, o não comum, o já posto. Para o sábio francês,
arte é pura resistência, sempre. nada mais diferente do que o poema épico vinking,
feito por um baiano, inspirado por um louco, ilustrado por este e outros,
pessoas que moram nas ruas. Saí do conforto, da arte-lugar-comum. Que essa loucura
revoltosa, escrita nesses versos, possam nos incomodar e nos fazer repensar nosso lugar
no mundo quanto artistas. Viva Axel Ivar e todos os revolucionários, os marginalizados,
os revoltados e os resistentes. Viva a Arte.



AXEL IVAR O ESMAGADOR DE CABEÇAS


o deus da guerra é o deus da ordem, reto.

por ele as mortes, desertos.

que mal faz o rio fluir sinuoso para o mar?

Fruindo seu enredo, desperto

I

naveguei  em tormentas,

vivendo,

morrendo

em cada porto,

decidido,

cheguei nesse ponto

em minha navegação,

venci até aqui este mar,

mas muito me falta,

eternos oceanos.


II

meu urro é clamor de guerra;

dança sagrada e festa,

corpo gemente de prazer:

trago o quê?

canções das estrelas,

brilhantes em volta de fogueiras,

palavras afiadas em minha boca;

espada cortante em minhas mãos.


sou um espírito re-volta-do;

corpo tensionado

em camisa de força.

por isso me rebuliço todo, agito e agito,

como redemoinho perigoso,

pronto para tudo estilhaçar.

até quando essa camisa gasta

conterá minhas forças titânicas, não sei.

o certo é que ainda esmagarei tuas cabeças,

ó monstro insaciante, todas de uma só vez.


III

ao cair do sol

amanhecer da coruja,

momento de fadas e bruxas;

quando o corvo entoa pedidos,

é hora de despertar

o lobo adormecido

e cantar a canção dos tempos.

celebrar o nascer e o crepúsculo

momento para os prazeres.

dos afagos e afetos.

tempo de homens atentos.


IV

mergulho fundo,

sou filho da curiosidade

e das profundidades.

meu peso e o tempo,

minha idade e a do mundo;

nasci no primeiro raio de sol

nas ilhas flutuantes,

morada dos princípios.

conheço os segredos dos ventos,

e onde se esconde o mau tempo.


meu coração não é bom ou mau,

nada sabe sobre certo ou errado,

apenas sente e bate:

tum, tum, tu e eu, um e um, tum.


V

espírito viking renascido sou

antigo guerreiro necessário

em tempos de medo.

as camisas de peles de dragão

    resistiam à libertação.

eram normas normalizantes,

apequenadoras de gigantes,

matadoras de desejos…

as rompo com a força da indignação.

VI

na cidade,

reconheci o medo:

mistura de conveniência

e autodesprezo:

negação da felicidade.

ao apontar meu arco,

acerto a religião, educação,

as leis do mundo,

e fico nu.


nu e vagante,

inconformado

com as conformidades;

aos perdedores dou

o sabor estimulante

das excentricidades,

e redefino o tempo.


em números de muitos

marchamos para as cidades,

esmagamos e esmagamos.


VII

na porteira, do lado de fora,

velha colônia;

misérias, pobreza, preconceitos,

choro.

essa terra possuída,

sem mais naturais;

só ventos implacáveis,

céus de vergonha;

ingratidão.

como pode ser assim um homem

sem esperanças florescendo em seus campos?

revestiu-se de tristezas o chão.

correntes nos pés;

eterno suplício:

não poder sair ou entrar,

deste estado,

prisão.

desertificação de sonhos,

perderam a vida.

desumana condição.


VIII

sou Axel Ivar, o esmagador de cabeças,

sou forte, belo e livre.

sou puro em desejos;

venham celebrar a fraternidade,

as guerras ,a vida e o que nos bastar.

meu convite e para os enfraquecidos,

aos despojados, subtraídos de coragem,

uni-vos a mim e sejais gente,

um exército, filhos da liberdade.


IX

índios, negros, brancos,

novos, velhos, tantos,

enormidade, multidão:

forjados na dor,

nessa coluna vertebral do mundo,

América saqueada, Norte, Sul, Central.

destruir as velhas escolas,

nas praças, cabeças esmagar,

alegria festiva,

o dragão, afinal, matar .


X

inquisição no caminho,

derrota de todos os coronéis,

fardados, de togas ou mandatos.

fazer então uma revolução,

a maior de todas,

a mais implacável.


XI

Ao  despertar do sol ,

armo minha tenda

na montanha mais alta e estabeleço

morada nas terras luminosas;

nelas, nu e sem medo,

dançarei todas as noites

a alegria de se fazer resistente/existente.


Ivan Rodrigues dos santos


Relatório

1) Tema
Revolução, liberdade individual versus vida em sociedade.

(2) Uma ou duas questões e perguntas levantadas na sua obra sobre esse tema

Como ser autêntico sem ser individualista, sociável sem perder a autonomia nos pensamentos.

(3) Duas referências relevantes para seu trabalho
Nietzsche, Nobert Elias.

(4) Experimentações realizadas para avançar na concepção da obra.

Reações dos expostos ao poema. presencial, virtual, face, WhatsApp, etc.

(5) Descrição/sinopse/resumo de sua proposta (não mais de 500 palavras)

Um poema épico, a história de um viking que sai de dentro de um homem; Este novo ser transgride todas as leis e realiza mudanças, em si e em sua comunidade.

(6) Justificativa

A palavra revolução, aparentemente, sofreu duas “violências históricas". por um lado, ficou restrita ao passado saudosista-romântico do pessoal de esquerda, e por outro, foi redimensionada pela ideologia de direita, utilizada como uma espécie de mantra de desenvolvimento pessoal ou espiritual.

As duas concepções não estão erradas, as palavras podem ter multisignificados e o poema se utiliza dessas leituras também. As interpretações são impostas pela cultura, nesse sentido, o tempo, também, é um conceito humano, e suas divisões, passado, presente e futuro, não existem, portanto, vivemos, de fato, um eterno presente, o que torna plenamente” possível “vikings” perambulando em nossas ruas. Continuando nesse entendimento, também é razoável pensar que homem não “evoluiu”; seus medos, anseios, perguntas e até mesmo respostas continuam perenes.

Dessa forma, o poema não traz nada de novo, seus arcabouços, filosófico e ideológico, podem ser facilmente encontrados em Eduardo Galeano, no movimento hippie, na tropicália, nos movimentos dos anos setenta, no cantor e poeta Belchior, como também em pensadores, especialmente, Gilles Deleuze, Michel Foucault, e Nietzsche.

A revolução, mudanças na sociedade, não é tema novo em criações artísticas, estou me colocando nesse discurso por entender que é uma temática importante e sempre atual no percurso das artes. A contribuição do poema, a meu ver, foi a “ilustração ” do tema, utilizando metáforas, e um imaginário mítico para além de nosso tempo e espaço, como também de conjunção, mudança individual e revolução social, apontando, para o tripé que sustenta este estado de coisas: Religião, educação e as “leis do mundo”, O poema não se propõe a trazer respostas, sua "intenção" é relativizar tempo, espaço e culturas e provocar inquietações e desejos.

(7) Conclusões ou observações finais

Não se trata de nenhuma obra-prima, ou até mesmo um “poema épico”, acredito tratar-se de uma forma diferente de reflexão, misturando fantasia e filosofia. Não sou esse viking, talvez seja esse o meu desejo, mas infelizmente não tenho tanta coragem assim para romper de vez com certos laços culturais que nos prendem. Todavia, acredito que ele existe em toda arte que se levanta contra o já posto/imposto.

Foi um exercício prazeroso de reflexão. Pude refletir e colocar para fora muitos desejos e verdades. Essa ginástica mental, dialética e onírica, teve sua base no impulso, na vontade. Coloquei para fora algumas coisas compreensíveis outras não, mas o EU que aparece é um outro, são anseios e desejos coletivo, formado de inquietações, raiva e esperanças.



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